Sou eu quem crio a brisa, o sal e o sangue.
É por esse meu fazer tão antigo que posso: 1º conhecer; 2º viver; 3º dizer; e por fim, ver.
Criando a brisa, fui transportada por ela ao rio, e afundando lá embaixo no rio, apartei a areia das folhas e do cascalho. De repente, fez-se o sal.
Empalideci no mesmo instante. Com cuidado, tirei debaixo do sal o silêncio. A voz que surgiu perguntou-me quem eu era. O horror tomou conta de mim, pois não havia nenhum antepassado a quem eu pudesse recorrer. Que horror! A voz sabia palavra.
A voz que eu descobri confessou que havia roubado o não velado de minha natureza. E me deu a fala e a única posse possível - a falta.